quarta-feira, 19 de novembro de 2008

A Dama de Vermelho - Cap. 2


A Dama de Vermelho
2ª Crônica – Volume 1
Laxante e Viagra

_O Alex é incrível! – elogiou May.
_Por quê? – indagou curiosa Lily, uma das colegas de May na farmácia.
_Você não quer os detalhes, quer?!

May Campbel trabalhava em uma importante farmácia de Las Vegas, no período vespertino e era sua única fonte de renda. A Dama de Vermelho era solteira – “em período integral”, como dizia -; seus pais moravam em Edimburgo, Escócia, e ela não falava com eles há dez anos; ela morou com sua tia nos subúrbios de Nova York durante sua adolescência e após a morte da tia, May se mudou para Las Vegas; o ultimo contato que teve com sua família foi por sua irmã mais velha, Natalie, que morreu de overdose no MGM Cassino, após ambas jantarem juntas.

_Com licença May, vou tirar sangue de um cara fedido – avisou a farmacêutica.
_OK. Vou atender o coroa ali! – a Dama Escarlate saiu detrás do balcão e foi atender a um senhor com um enorme nariz.

O homem sentiu-se atraído pela farmacêutica quando ela caminhou sensualmente sobre os saltos 15 Manolo Blanik escarlate – comprados em uma feirinha – e um jaleco branco que ia até o joelho.

_O que o senhor deseja? – indagou com uma falsa simpatia.
Silêncio. O senhor não tirava os olhos dos seios de May.
_Senhor? – chamou novamente.
_Me desculpe... – finalmente o velho olhou para o rosto de May que não resplandecia nenhuma emoção verdadeira – A senhorita é uma profissional tão aberta...!
_Obrigada! – May não dispensava elogios.
_Eu estava falando do seu decote... – disse baixinho.
O sorriso se dissolveu do rosto da farmacêutica.
_O que o senhor deseja? – perguntou impaciente.
_Eu acho que um relaxante muscular – respondeu envergonhado pela piadinha.
_Você acha? – a farmacêutica estava começando a se irritar – Vamos até o balcão comigo, por favor.

O velho raquítico, com olhos fundos, 1,61 metros de altura e uma pequena cicatriz no pescoço, seguiu May até o balcão. Ela abriu a página de um joguinho Pac Man no computador e começou a jogar.

_Qual é o seu nome? – entrevistou enquanto jogava.
_Mark Warner.

Mark Warner era um fotógrafo culinário que trabalhava em uma revista especializada; com uma hepatite C mal tratada, o que deixava com uma aparência amarelada, que ele pegara em uma relação homossexual; atualmente era casado e não tinha filhos; tinha um chefe chato, exigente e com muitas amantes; sua esposa era professora de economia em uma faculdade; ele era anêmico, depressivo e viciado em morfina, era ligeiramente calvo, tinha as mãos muito magras e um grande nariz cheio de acne.

May fingiu que anotava em um bloco de papel enquanto jogava Pac Man.
_Sintomas?
_Dor no corpo, dor de cabeça, falta de apetite, dores intestinais, fadiga e... problemas sexuais – contou envergonhado.
_Ejaculação precoce? – perguntou olhando diretamente para o senhor.
_Disfunção erétil!
May mexeu o canto da boca como se estivesse interessada.
_Idade?
_51 anos.

A farmacêutica rabiscou mais algumas coisas no bloquinho e parou de jogar.
_Laxante! – indicou a Dama de Vermelho finalmente encarando o senhor.
_Laxante?
_Sim! Você está com problemas intestinais o que explica a dor no corpo e de cabeça, falta de apetite e fadiga!
_E a disfunção erétil? – perguntou.
_O senhor já ouviu falar nas famosas balinhas azuis?

Mark balançou a cabeça afirmativamente.
_12 dólares! – avisou May com um falso sorriso de orelha a orelha.
Lily voltou ao balcão, após tirar sangue de um homem, e apanhou uma revista para ler. O senhor tirou o dinheiro da carteira e pagou pelos medicamentos.



Arthur Araujo!


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Assim que der povão, eu apareço! Bjomeliga!

Um comentário:

Helena G. Canela disse...

Parte três, cadê vocêê, eu vim aqui só pra te veeer!


Arthur, parabéns! Escreves muito bem.